PARASITOLÓGICO DE FEZES
- Liga Acadêmica de Análises Clínicas UFC
- 3 de out. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de mai. de 2023
Paciente
Amostra
A amostra de fezes é coletada em um recipiente com ou sem conservantes. No recipiente sem conservante, é necessário manter em geladeira até a realização do exame.
Preparo pré-coleta
Deve ser coletado de 20 a 30g de fezes.
O paciente não pode receber contraste radiológico oral à base de bário, bismuto, magnésio e carbonato de cálcio nas 48 horas que antecedem o exame.
O uso de laxantes para ajudar a evacuar é contraindicado.
A coleta deve ser realizada em um local em que a amostra não entre em contato com água e/ou urina.
Se coletado com conservantes, observar as orientações contidas no frasco
O número de amostras a ser coletado depende da orientação médica
identificar o frasco
Não é necessário Jejum
Interpretação básica com valores de referência
Valor normal: Negativo
O exame parasitológico de fezes verifica se há presença de parasitas intestinais nas fezes do paciente. Caso o resultado seja negativo, significa que não há parasitos na amostra, porém nem sempre é possível descartar a doença. O diagnóstico é dado a partir da junção do resultado do exame laboratorial e das manifestações clínicas, portanto, o médico pode sugerir uma nova realização do exame.
Em caso de exame positivo, cabe ao médico reconhecer se o verme encontrado é patogênico (capaz de causar doença) ou não.
Alguns resultados de referência:
Entamoeba histolytica: A presença de cistos ou trofozoítos do parasita pode indicar infecção. A ausência de Entamoeba histolytica é considerada normal.
Giardia lamblia: A detecção de cistos ou trofozoítos do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas geralmente a ausência de Giardia lamblia é considerada normal.
Ascaris lumbricoides (lombriga): A presença de ovos do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de ovos é considerada normal.
Trichuris trichiura (tricuríase): A presença de ovos do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de ovos é considerada normal.
Enterobius vermicularis (oxiúros): A detecção de ovos do parasita, especialmente na região perianal, pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de ovos é considerada normal.
Strongyloides stercoralis: A detecção de larvas do parasita pode indicar infecção. A ausência de larvas é considerada normal.
Taenia sp. (solitária): A presença de ovos ou proglotes do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de ovos ou proglotes é considerada normal.
Schistosoma mansoni: A detecção de ovos do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de ovos é considerada normal.
Dientamoeba fragilis: A detecção de cistos ou trofozoítos do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de Dientamoeba fragilis é considerada normal.
Cryptosporidium parvum: A detecção de oocistos do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de oocistos é considerada normal.
Blastocystis hominis: A detecção de formas vacuoladas do parasita pode indicar infecção. Valores de referência podem variar, mas a ausência de Blastocystis hominis é considerada normal.
Profissional de Saúde
Técnicas utilizadas
A fim de aumentar a sensibilidade do exame é recomendável, no mínimo, o exame de três amostras distintas. Seguem alguns exemplos que podem confundir a interpretação de um exame negativo: enterobíase: a fêmea do Enterobius vermicularis migra para a região perianal e elimina aí os seus ovos durante a noite, o que torna mais adequado o método de Graham ou o swab anal com coleta pela manhã; teníase: a Taenia spp elimina as proglotes nas fezes e estas são evidenciadas pela tamização; a Giardia lamblia apresenta períodos de negatividade, quando não se encontram seus cistos nas fezes; o Schistosoma mansoni só atinge a fase adulta no interior das veias mesentéricas inferiores, onde realiza a postura dos ovos, que precisam atravessar a parede intestinal para serem eliminados nas fezes. Rotineiramente, o exame é realizado pelos métodos Hoffman e Ritchie. O método de Hoffman é mais eficiente na pesquisa de ovos de helmintos do que na detecção de cistos de protozoários. Já o método Ritchie permite uma boa concentração de parasitos.
Interferentes
Urina, água (do vaso sanitário), medicamentos (anti-helmínticos, antibióticos, AAS), sulfato de bário, vaselina, laxantes oleosos.
Interpretação rebuscada
No exame parasitológico de fezes podem ser encontrados helmintos e/ou protozoários causadores de parasitoses intestinais. É necessário associar o resultado do exame à clínica do paciente para se obter o diagnóstico correto. Um exame negativo significa que não foram encontrados parasitos na amostra, porém outros fatores como o método inadequado, ou amostra inadequada podem ter ocasionado esse falso negativo. E ainda, exames positivos nem sempre significam doença, alguns protozoários que são encontrados não são patogênicos.
Os helmintos causadores de doença intestinal mais comuns são:
Nematoides: Ascaris lumbricoides, Ancilostomídeos, Enterobius vermicularis, Strongyloides stercolaris, Trichuris trichiura
Trematódeos: Schistosoma mansoni
Cestódeos: Taenia sp, Hymenolepis diminuta, Hymenolepis nana
Os protozoários causadores de doença mais comuns são:
Amebas: os principais são a Entamoeba histolytica e a Dientamoeba fragilis.
Flagelados: Giardia lamblia.
Coccídios: Cryptosporidium parvum e a Isopora belli.
Blastocistos: Blastocystis hominis.
Protozoários intestinais que não precisam de tratamento, pois não são considerados patogênicos ou causadores de doenças significativas:
Entamoeba gingivalis.
Entamoeba hartmanni.
Entamoeba coli.
Entamoeba polecki.
Endolimax nana.
Iodamoeba bütschlii.
Entamoeba dispar.
Entamoeba moshkovskii.
Trichomonas hominis.
Chilomastix mesnili.
Referências bibliográficas
De Carli, GA. Parasitologia Clinica - Seleção de Métodos e Técnicas de laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses humanas. 2ª Ed. Atheneu, 2008.
Rey L. Parasitologia. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2001.
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