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SUMÁRIO DE URINA/EAS/URINA TIPO I

  • Foto do escritor: Liga Acadêmica de Análises Clínicas UFC
    Liga Acadêmica de Análises Clínicas UFC
  • 3 de out. de 2022
  • 5 min de leitura

Atualizado: 4 de out. de 2022

Informações ao paciente

  • Amostra

Urina.


  • Preparo pré-coleta

a. Coletar em frasco limpo, seco, à prova de vazamentos e descartável recebido pelo laboratório.

b. Lavar as mãos com água e sabão e fazer a assepsia da região genital antes do início da coleta.

c. Realizar a coleta após, no mínimo, 2 horas sem urinar, desprezando o primeiro jato e coletando o jato médio, sem interromper o fluxo.

d. Após finalizar, fechar o frasco sem tocar na parte interna.

e. Levar o frasco ao laboratório.


  • Interpretação básica com valores de referência

Análise física

1. Aspecto

A urina normal apresenta um aspecto claro, transparente. Quando a urina está turva, isso pode indicar presença de alguns elementos, como leucócitos (células de defesa), hemácias (sangue), células epiteliais, bactérias e outros. A urina espumosa pode indicar presença de proteínas.

2. Cor

A cor da urina normal é o amarelo citrino/claro, porém, dependendo da dieta, da concentração urinária, da presença de alguns pigmentos e também do consumo de alguns medicamentos, a cor da urina pode variar de incolor a amarelo escuro.

3. Densidade

A densidade verifica a diluição da urina. Na urina normal, o valor da densidade encontra-se em torno de 1,010 e 1,030. Uma densidade baixa indica que a urina está muito diluída, podendo representar um consumo excessivo de líquidos. A densidade alta é um indicativo de desidratação.

4. Odor

A urina normal tem odor característico, porém ter um odor acentuado, azedo ou fétido em algumas situações, como: retenção urinária, inflamação, produção elevada de amônia e etc.


Análise química

1. pH

O pH urinário é importante para ajudar no diagnóstico e acompanhamento de alguns distúrbios, pois os rins são órgãos reguladores do equilíbrio ácido básico do organismo. Urina com pH ácido ocorre em pessoas com dietas ricas em proteínas de origem animal, pacientes que utilizam acidificantes urinários e em diabetes mellitus mal controlado. Urina com pH básico ocorre em pessoas com dietas vegetarianas, em pacientes que utilizam medicamentos alcalinizantes e em pacientes com infecção urinária. O valor de referência é de 4.5 a 8.5.

2. Proteínas

A presença de proteínas na urina indica que há uma lesão nos rins. No exame as proteínas podem estar ausentes ou presentes, sendo classificadas como traços a depender da sua intensidade: 1 (+), 2 (++), 3 (+++) ou 4 (++++).

3. Glicose

Em circunstâncias normais, não há presença de glicose na urina. Assim, a presença de glicose na urina ocorre devido a algumas causas, como:

  • Diabetes mellitus

  • Síndrome de Fanconi

  • Doença renal avançada

  • Lesões do sistema nervoso central (SNC)

  • Gravidez

  • Período pós-prandial (após uma refeição), após ingestão de grandes quantidades de carboidratos

  • Medicamentos, como tiazídicos e corticosteróides

  • Estresse emocional

  • Distúrbios endócrinos de pituitária e da suprarrenal

No exame o resultado pode ser ausente ou presente, e quando está presente, é classificada como traços a depender da sua intensidade: 1 (+), 2 (++), 3 (+++) ou 4 (++++).

4. Cetonas

As cetonas ou corpos cetônicos estão presentes no organismo em situações como o jejum prolongado, dietas para redução de peso, estado febril, após exercício físico intenso, no frio intenso e principalmente no diabetes mellitus. No exame o resultado pode ser ausente ou presente, e quando estão presentes, são classificados como traços a depender da sua intensidade: 1 (+), 2 (++), 3 (+++) ou 4 (++++).

5. Sangue (hemoglobina)

A presença de sangue na urina (hematúria) pode ser decorrente de infecções, doenças renais graves e etc. No exame o resultado pode ser ausente ou presente, e quando esté presente, é classificado como traços a depender da sua intensidade: 1 (+), 2 (++) ou 3 (+++).

6. Bilirrubina e Urobilinogênio

A presença de bilirrubina sugere uma obstrução do fluxo biliar ou hepatite. Uma pequena quantidade de urobilinogênio é excretada na urina, o aumento dessa quantidade na na urina pode indicar disfunções hepáticas, já a diminuição, pode indicar uma obstrução biliar grave e também pode ocorrer devido ao uso de antimicrobianos de largo espectro. O resultado da bilirrubina é expresso como ausente ou traços 1 (+), 2 (++) ou 3 (+++). Já o urobilinogênio, seu valor normal é 0-1 mg/dL.

7. Nitrito

A presença de nitrito na urina é altamente sugestivo de bacilos gram negativos. No resultado do exame é expresso como ausente, traços ou positivo.

8. Esterase leucocitária

A esterase leucocitária urinária sugere a presença de neutrófilos, que podem indicar infecção do trato urinário e processos inflamatórios como febre, infecções virais, vulvovaginites, glomerulopatias, nefrites intersticiais, urolitíase, etc. O resultado é expresso como negativo ou traços 1 (+), 2 (++) ou 3 (+++).


Sedimentoscopia

1. Hemácias

As hemácias (células do sangue) podem ser de qualquer região do trato urinário, e sua presença na urina pode indicar doença dos rins ou do trato urogenital.

2. Leucócitos

Os leucócitos podem indicar infecção no trato urinário, além de processos inflamatórios no próprio trato urinário ou regiões próximas. Pode ocorrer na apendicite, pancreatite, glomerulonefrite e nefrite lúpica.

3. Células epiteliais

As células epiteliais podem ter origem vaginal, na uretra, nos túbulos renais e bexiga. Quantidades normais dessas células podem aparecer por conta da descamação, mas quando há um aumento, pode indicar uma inflamação em determinada região.

4. Cilindros

5. Leveduras

6. Cristais

A presença de cristais na urina é um achada frequente, e muitos deles são formados por conta de algumas alterações que podem ocorrer antes da coleta, não tendo importância diagnóstica. Outros cristais podem refletir a dieta ou situações metabólicas dos indivíduos, sendo comuns. Já outros, podem refletir algumas doenças, como os cristais de cistina, tirosina, leucina, fosfato-amônio-magnesiano e colesterol. Não há evidências que indiquem que a presença de cristais na urina indiquem calculose (pedras) urinária.

7. Muco

O muco é um achado frequente, e em grandes quantidades sugerem irritação e inflamação urinária.

8. Bacteriúria

Indica a presença de bactérias na urina.



Informações ao profissional de saúde

  • Técnicas utilizadas

    • Análise física: observação do aspecto, cor, densidade e odor.

    • Análise química: utilização de reagentes preparados pelo próprio laboratório ou de tiras reagentes.

    • Sedimentoscopia: microscopia ou metodologias automatizadas, como citometria de fluxo ou análise de imagens.


  • Interferentes

    • Não assepsia da região urogenital.

    • Coleta do jato-médio urinário.

    • Recipiente de coleta inadequado.

    • Acondicionamento inadequado da amostra.

    • Tempo entre coleta e entrega no laboratório maior que duas horas.

    • Fatores como: dieta, menstruação, uso de medicamentos, atividade física (ex.: proteinúria, hematúria, cilindros) e sexual (ex.: proteinúria, aumento de células epiteliais, contaminação por fluídos sexuais.


  • Interpretação rebuscada

O sumário de urina é um exame de rotina em laboratórios clínicos, sendo importante no fornecimento de informações para: o diagnóstico e monitoramento do curso de doenças; a triagem para doenças assintomáticas, congênitas, hereditárias e de origem renal, e monitorar a eficácia ou as complicações resultantes de terapias. Determina os caracteres físicos, químicos e a presença de elementos figurados ou de outra origem numa amostra de urina.


Análises realizadas no sumário de urina e expressão dos resultados

Análise física

Aspecto

Límpido, ligeiramente turvo ou turvo

Cor

Amarelo citrino/claro, amarelo ouro, amarelo, amarelo escuro/âmbar/castanho, vermelha/rosa/marrom

Densidade

1,010 a 1,030

Odor

Característico ou fétido

Análise química

pH

4.5 a 8.5

Proteínas

Ausente ou Traços 1+, 2+, 3+ ou 4+

Glicose

Ausente ou Traços 1+, 2+, 3+ ou 4+

Cetonas

Ausente ou Traços 1+, 2+ ou 3+

Hemoglobina

Ausente ou Traços 1+, 2+ ou 3+

Bilirrubina

Ausente ou Traços 1+, 2+ ou 3+

Urobilinogênio

0-1 mg/dL (normal), 2 mg/dL, 4 mg/dL ou 8 mg/dL

Nitrito

Ausente, traços ou positivo

Esterase leucocitária

Negativo ou Traços 1+, 2+ ou 3+

Sedimentoscopia

Hemácias

Média aritmética da contagem de 10 campos (aumento 400x)

Leucócitos

Média aritmética da contagem de 10 campos (aumento 400x)

Células epiteliais

Ausentes, raras (até 3/campo), algumas (de 4 a 10/campo) ou numerosas (> 10/campo)

Cilindros

Ausentes, raros (até 3/campo), alguns (de 4 a 10/campo) ou numerosos (> 10/campo)

Leveduras

Ausentes, raras, algumas ou numerosas

Cristais

Ausentes, raros, alguns ou numerosos

Muco

Ausente ou presente

Bacteriúria

Ausente, bacteriúria leve (1 a 10 por campo), bacteriúria moderada (11 a 99 por campo), bacteriúria acentuada (> 100 por campo)


Possíveis cores da urina e suas causas

Cores

Causas

Pálida ou incolor

Consumo de líquidos, diuréticos e diabetes mellitus

Laranja

Fenazopiridinas (pyridium), rifampicina, varfarina

Rosa/avermelhada

Porfirinas, mioglobina, hemoglobina, difenilidantoína, metildopa, fenolftaleína, fenotiazina

Vermelha

Presença de hemácias (hematúria), hemoglobina e mioglobina livres (hemoglobinúria e mioglobinúria)

Verde

Bilirrubina oxidada, azul de metileno

Azul

Azul de metileno

Marrom

Níveis elevados de bilirrubina, hemoglobina, meta-hemoglobina

Cinza

Furazolidona, nitrofurantoína

Preta

Melanina, ácido homogentísico


Referências bibliográficas

ABNT. ABNT NBR 15268: Laboratório clínico - requisitos e recomendações para exame de urina. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.


ANDRADE, O. V. B. de; CRUZ, N. A. da; IHARA, F. O. O exame de urina I e a importância de sua interpretação. Sociedade de Pediatria de São Paulo. São Paulo, 2020.


FONSECA, L. G; CEDRO, L. M. Análise de fase pré-analítica do exame de urina de rotina em laboratório de Ceilândia-DF. 2013. Trabalho de conclusão de curso (Biomedicina) - Faculdades Integradas PROMOVE, Brasília, 2013.


Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): realização de exames em urina. Barueri, SP: Manole, 2017.



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