HEMOCULTURA
- Liga Acadêmica de Análises Clínicas UFC
- 3 de out. de 2022
- 3 min de leitura
Paciente
Amostra
2 a 3 coletas de Sangue Total
Preparo pré-coleta
Nenhum
Interpretação básica com valores de referência
Negativo
Profissional de Saúde
Técnicas utilizadas
Sistema de Isolamento e Identificação (Meios de Cultura). Pode ser manual ou automatizado.
Interferentes
Possibilidade de contaminação com a microbiota normal da pele, por isso recomenda-se preparar o local da punção venosa com um agente bactericida, geralmente se usa solução de iodo a 1 a 2%, um iodóforo ou clorexidina.
O volume do sangue coletado também pode afetar o resultado. Em adultos, recomenda-se a coleta de 20 a 30 mL de sangue por conjunto de cultura. Isso porque em adultos com bacteremia, o número de unidades formadoras de colônia por mililitro de sangue costuma ser baixo, então coletas menores que 20 mL teriam uma concentração tão baixa de microrganismos que seria difícil detectá-los. Já no caso de lactentes e crianças, a concentração de microrganismos no sangue é maior, sendo adequada uma coleta de 1 a 5 mL de sangue por cultura.
Uso de antimicrobianos: O ideal é coletar a amostra de sangue antes do início da terapia antimicrobiana, mas caso isso não aconteça utilizam-se frascos com inibidor de antibióticos e faz-se a coleta antes da próxima dose do antibiótico.
Interpretação rebuscada
A detecção de patógenos hematogênicos é uma das funções mais importantes do laboratório de microbiologia. A hemocultura é essencial para identificar bactérias responsáveis por bacteremia, sepse, infecções de valvas nativas e próteses valvares, tromboflebite supurativa, aneurismas micóticos e infecções de enxertos vasculares. As hemoculturas também são úteis para diagnosticar algumas infecções virais e infecções invasivas ou disseminadas causadas por certos fungos, em particular espécies de Candida, Cryptococcus neoformans, espécies de Fusarium e Histoplasma capsulatum. Hemoparasitas são detectados ao exame macroscópico de esfregaços de sangue periférico. Em geral, o sangue deve ser coletado para cultura antes de se instituir a terapia antimicrobiana, quando há um dos seguintes sintomas ou uma combinação deles: febre (38ºC ou mais), hipotermia (36ºC ou menos), leucocitose (especialmente com desvio para a esquerda), granulocitopenia ou hipotensão.
Bacteremia e fungemia são definidas como a presença de bactérias e fungos, respectivamente, no sangue, e estas infecções são referidas coletivamente como septicemia. Estudos clínicos têm demonstrado que a septicemia pode ser contínua ou intermitente. Septicemia contínua ocorre principalmente em pacientes com infecções intravasculares (p. ex., endocardite, tromboflebite séptica, infecções associadas a cateter intravascular) ou com sepse grave (p. ex., choque séptico). Septicemia intermitente ocorre em pacientes com infecções localizadas (p. ex., pulmões, trato urinário, tecidos moles). O momento da coleta do sangue não é importante para os pacientes com septicemia contínua, mas é importante para os pacientes com septicemia intermitente. Além disso, como os sinais clínicos de sepse (p. ex., febre, calafrios, hipotensão) são uma resposta à liberação de endotoxinas ou exotoxinas dos organismos, esses sinais ocorrem uma hora após os organismos terem entrado no sangue. Assim, poucos ou nenhum organismo podem estar no sangue quando o paciente se torna febril. Por esta razão, recomenda-se que duas a três amostras de sangue devam ser coletadas em momentos aleatórios durante um período de 24 horas.
Após a coleta, as amostras de sangue são inoculadas em frascos com caldos nutritivos enriquecidos, com ambiente propício para crescimento microbiano, e em seguida incubados em temperatura adequada. No caso da cultura de bactérias, esses frascos são incubados em temperatura de 37º C e inspecionados a intervalos regulares para a evidência do crescimento microbiano por um período de no mínimo 5 a 7 dias. Já no caso da cultura de fungos, elas são incubadas em aerobiose e a temperatura pode variar. A maioria dos fungos cresce adequadamente entre 25° e 30 °C, porém muitas espécies de Candida conseguem ser recuperadas de hemoculturas incubadas em 35° a 37 °C. As placas de cultura devem ainda ser vedadas com fitas gás permeáveis, para evitar a desidratação. As amostras submetidas à cultura de fungos são incubadas, geralmente, por 2 semanas; entretanto, muitas hemoculturas positivam entre 5 e 7 dias.
Referências bibliográficas
MCPHERSON, R. A. & PINCUS, M. R. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 21. ed. Barueri, SP: Manole, 2012.
MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; PFALLER, M. A. Microbiologia Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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