VITAMINA D OU 25 HIDROXIVITAMINA D (25(OH)D)
- Liga Acadêmica de Análises Clínicas UFC
- 4 de out. de 2022
- 3 min de leitura
Informações ao paciente
Amostra
Soro.
Preparo pré-coleta
a. Não é necessário estar em jejum.
b. Todos os medicamentos em uso devem ser informados ao laboratório.
Interpretação básica com valores de referência
a. Abaixo de 20 ng/mL: é considerado como deficiência de vitamina D.
b. Entre 20-60 ng/mL: são os valores normais para a população geral.
c. Entre 30-60 ng/mL: são os valores recomendados para a população de risco*.
d. Acima de 100 ng/mL: acima desse valor há um risco de intoxicação por conta do excesso de vitamina D..
*A população de risco compreende: idosos (acima de 60 anos); indivíduos com fraturas ou quedas recorrentes; gestantes e lactantes; indivíduos com osteoporose (primária e secundária), doenças osteometabólicas, doença renal crônica, síndromes de má-absorção e doença inflamatória intestinal; indivíduos que façam uso de medicamentos ou certas condições que possam interferir na formação da vitamina D, como por exemplo: terapia antirretroviral, glicocorticóides e anticonvulsivantes, neoplasias malignas, sarcopenia e diabetes.
Informações ao profissional de saúde
Técnicas utilizadas
É feita a dosagem de 25(OH)D, o principal metabólito da vitamina D, sendo considerado o melhor indicador da reserva de vitamina D no organismo
a. Ensaios de ligantes: ensaios de competição que utilizam proteínas ligadoras da vitamina D (DBP) ou anticorpos anti-25(OH)D que irão competir com o 25(OH)D pelos mesmos sítios de ligação, como o radioimunoensaio e ensaios enzimáticos, quimioluminescentes ou eletroquimioluminescentes.
b. Métodos cromatográficos: como a cromatografia líquida de alta performance com detecção ultravioleta ou acoplada à espectrometria de massas em tandem (LC-MS/MS), considerada o padrão ouro para a mensuração da 25(OH)D. Porém, possui custo elevado do equipamento, manutenções, validações específicas, preparos das amostras, o que não permite seu uso como rotina no laboratório clínico.
Interferentes
a. Biotina: pacientes em uso de biotina podem apresentar resultados falsamente aumentados de 25(OH)D, sugerindo uma intoxicação por vitamina D. Qualquer imunoensaio que utilize o sistema biotina-estreptavidina está sujeito a interferência da biotina, ocasionando resultados falsamente elevados em ensaios competitivos e resultados falsamente baixos em ensaios imunométricos.
b. Medicamentos
- Glicocorticóides: a exposição prolongada aos glicocorticóides é associada a um risco aumentado de perda óssea e fraturas devido ao aumento do catabolismo de 25(OH)D que leva a uma deficiência de vitamina D. Recomenda-se uma concentração sérica de 25(OH)D acima de 20 ng/mL para pacientes que façam uso de glicocorticóides.
- Drogas antiepilépticas (DAEs): medicamentos como fenitoína, fenobarbital e carbamazepina induzem o sistema citocromo P450 (CYP3A4) de enzimas hepáticas, aumentando o catabolismo de 25(OH)D. Os níveis de 25(OH)D medidos em pacientes em uso desses medicamentos podem ser 20% inferiores aos níveis reais.
- Terapia antirretroviral combinada (cART): alguns medicamentos estão associados a redução dos níveis de 25(OH)D, como o efavirenz que é um indutor do sistema citocromo P450 (CYO3A4).
- Outros medicamentos que reduzem os níveis de 25(OH)D: orlistat, cetoconazol, colestiramina, teriparatida e PTH.
Interpretação rebuscada
A Vitamina D ou 25(OH)D é produzida pela pele após exposição à luz solar ou por absorção a partir de alimentos, e os grupos com maior risco para o desenvolvimento de uma deficiência nutricional dessa vitamina são as crianças amamentadas, vegetarianos estritos que não fazem consumo de ovos e leite, indivíduos de cor e idosos. Até o momento, não há benefícios comprovados em manter os níveis de 25(OH)D acima de 60 ng/mL em qualquer situação clínica. Os níveis de 25(OH)D acima de 100 ng/mL possuem risco de intoxicação e por isso, levam à hipercalcemia e suas consequências clínicas.
Referências bibliográficas
FERREIRA, Carlos Eduardo dos Santos et. al. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) – Intervalos de Referência da Vitamina D – 25(OH)D. Atualização 2018.
MOREIRA, Carolina Aguiar et al. Reference values of 25-hydroxyvitamin D revisited: a position statement from the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM) and the Brazilian Society of Clinical Pathology/Laboratory Medicine (SBPC). Archives of Endocrinology and Metabolism [online]. 2020, v. 64, n. 4, pp. 462-478. DOI: 10.20945/2359-3997000000258. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aem/a/JSzszd7Zrt7Mfn43xkkyPQj/?lang=en#. Acesso em: 29 abr. 2022.
Nota da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): Necessidade de Jejum para coleta de sangue para a realização de exames laboratoriais.
Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): Fatores Pré -Analíticos e Interferentes em Ensaios Laboratoriais. São Paulo: Manole, 2018.
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