ÁCIDO ÚRICO
- Liga Acadêmica de Análises Clínicas UFC
- 4 de out. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de jun. de 2023
Informações ao paciente
Amostra
Soro, urina ou líquido sinovial.
Preparo pré-coleta
Jejum obrigatório de 8h apenas para coletas de soro.
Interpretação básica com valores de referência
a. Soro
Homens: 3,5 a 7,2 mg/dL
Mulheres: 2,6 a 6 mg/dL
Esses valores aumentam em 10% nas idades de 20-60 anos. Mulheres após a menopausa atingem valores similares aos dos homens. Durante a gravidez, as concentrações de ácido úrico caem durante o primeiro trimestre e até cerca de 24 semanas de gestação. Neste momento, as concentrações começam a subir e, eventualmente, excedem as concentrações de não grávidas.
b. Urina (24h)
250 a 750 mg/dia com dieta contendo purinas
<400 mg/dia com dieta sem purinas
Indivíduos com dietas vegetarianas ou veganas podem apresentar valores inferiores aos mínimos referenciais.
c. Líquido sinovial
2 a 8 mg/dL
Informações ao profissional de saúde
Técnicas utilizadas
Colorimétrico enzimático.
Interferentes
Algumas classes de medicamentos podem causar aumento ou diminuição no nível sérico do ácido úrico. Dentre as que causam aumento, podemos citar: Diuréticos em geral, Adrenalina, Noradrenalina, Salicilatos, Ácido Nicotínico, Corticosteróides, Agentes anti-neoplásicos, Triptofano (V.O.), Ácido Ascórbico, Metildopa e Metabólitos da Cafeína. Já as que causam diminuição, podemos citar: Corticotrofina, Azatioprina, Ácido Etacrínico e Diuréticos Mercuriais.
Interpretação rebuscada
O ácido úrico é o principal produto do catabolismo dos nucleosídeos de purinas, adenosinas e guanosinas. A dosagem de ácido úrico no soro é útil no diagnóstico de várias situações clínicas, como hiperuricemias, hipouricemias e na gota.
A hiperuricemia é definida por concentrações séricas de ácido úrico superiores a 7 mg/dL (0,42 mmol/L) em homens ou maior do que 6 mg/dL (0,36 mmol/L) em mulheres. A hiperuricemia é um pré-requisito para o desenvolvimento de gota e pode levar a doença renal. Porém, a maioria dos pacientes com hiperuricemia não chegam a desenvolver gota, apenas 10%. A gota é caracterizada pelo depósito de urato ao redor das articulações, o que causa uma resposta inflamatória intensa consistindo de leucócitos polimorfonucleares e macrófagos. A gota é uma condição caracterizada por ataques ocasionais e longos períodos de remissão.
Dentre as causas dos níveis elevados de ácido úrico, podemos citar: insuficiência renal, etilismo, cetoacidose diabética, psoríase, pré-eclâmpsia, dieta rica em purinas, neoplasias, pós-quimioterapia e radioterapia, uso de paracetamol, ampicilina, aspirina (doses baixas), didanosina, diuréticos, beta-bloqueadores, dentre outras drogas. Já a Hipouricemia é definida como a condição na qual as concentrações de urato sérico são menores do que 2 mg/dL (0,12 mmol/L). É muito menos frequente do que a hiperuricemia. Pode ser secundária a inúmeras condições, como, por exemplo, (1) doença hepatocelular grave com redução da síntese de purina ou atividade de xantina oxidase e (2) defeituosa reabsorção tubular renal de ácido úrico.
Dentre as causas dos níveis baixos de ácido úrico, podemos citar: dieta pobre em purinas, defeitos dos túbulos renais, porfiria, uso de tetraciclina, alopurinol, aspirina, corticóides, indometacina, metotrexato, metildopa, verapamil, intoxicação por metais pesados e no aumento do clearance renal.
Cerca de 70% do ácido úrico é eliminado pelos rins, via secreção tubular. Portanto, a dosagem do ácido úrico na urina é útil em pacientes com cálculos urinários para identificação daqueles com excreção urinária de urato aumentada. Álcool causa diminuição do urato urinário. Anti-inflamatórios, vitamina C, diuréticos e warfarina podem interferir no resultado.
E, por último, a dosagem do ácido úrico no líquido sinovial pode ser útil no diagnóstico diferencial de artropatias.
Referências bibliográficas
BURTIS, C. A.; BRUNS, D. E. Tietz Fundamentos de química clínica e diagnóstico molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
MCPHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 21. ed. Barueri, SP: Manole, 2012.
SILVA, R. S. et al. Interferência dos medicamentos nos exames laboratoriais. J Bras Patol Med Lab., v. 57, p. 1-15, 2021. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/jbpml/a/RHdW59V7rQFJQmy3dkRhwSp/?lang=pt>. Acesso em: 19 mar. 2022.
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